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Melatonina vs Prodizia: Qual a diferença quando usados topicamente na pele?

Atualizado: há 6 horas

Por Lucas Portilho – Farmacêutico e Especialista em Cosmetologia


Olá meus amigos!

É só eu começar a falar em aula sobre melatonina, que logo vem a pergunta: "Pode usar Prodizia no lugar da melatonina?".

Se você acompanha as tendências em dermocosméticos, já deve ter ouvido falar da melatonina como um ativo promissor para cuidados com a pele. Mas você sabia que nem sempre aplicar melatonina pura na pele é o caminho mais eficaz? É aí que entra o Prodizia®, um ativo que atua como precursor endógeno da melatonina cutânea. Vamos entender essa diferença?


Melatonina na pele: muito além do sono

Melatonina é um hormônio conhecido por regular o ciclo circadiano, o pessoal usa pra dormir bem, mas sua ação vai muito além do sono. Ela possui uma potente atividade antioxidante e reparadora na pele, participando da regulação da apoptose (morte celular), proliferação celular, reparo do DNA e síntese de matriz extracelular. Queratinócitos, fibroblastos e melanócitos produzem sua própria melatonina, acho isso muito legal, essas células possuem as enzimas necessárias pra converter triptofano em melatonina, o chamado sistema melatoninérgico cutâneo.

Mas aqui entra um ponto crítico: mesmo sendo uma molécula anfifílica e de baixo peso molecular (condições favoráveis à permeação cutânea), estudos mostram que apenas cerca de 0,1% da melatonina aplicada topicamente é biodisponível no meio intracelular, onde realmente exerce suas funções. Eu uso em minhas formulações, e garanto que ainda temos uma questão de estabilidade relacionada com a melatonina em formulações tópicas.


Por que isso importa na prática?

Porque a ação da melatonina depende do seu acesso aos receptores nucleares e à membrana mitocondrial — algo que dificilmente ocorre em grande escala com a aplicação tópica direta. E é justamente por isso que a estratégia de estimular a síntese endógena de melatonina na própria pele tem se mostrado mais eficaz.



O papel do Prodizia

Prodizia® é um extrato padronizado da planta Albizia julibrissin, desenvolvido pela Sederma, que aumenta em até 38% a biossíntese intracelular de melatonina, especialmente em condições de estresse oxidativo, como na presença de glicotoxinas e fadiga cutânea.

Além de estimular a produção local, ele também apresenta efeitos comprovados:

  • Redução de olheiras e bolsas perioculares;

  • Melhora da uniformidade da pele;

  • Reversão de sinais de fadiga;

  • Ação despigmentante por inibição da via do α-MSH;

  • Estímulo ao crescimento capilar com ação antiandrogênica;

  • Rejuvenescimento da pele menopausada com melhora da espessura dérmica.

E o melhor: sem os riscos sistêmicos de uma melatonina tópica transdérmica, que poderia gerar efeitos hormonais indesejados em aplicações contínuas.


Melatonina tópica: onde está sendo usada?

Diversos cosméticos e dermocosméticos internacionais já incorporaram melatonina em suas formulações tópicas. Marcas como Isdin®, com o Melatonik™, e Endocare®, com o Radiance C Ferulic Edafence®, utilizam melatonina nanoencapsulada associada a antioxidantes como ácido ferúlico e vitamina C. A proposta? Proteger a pele do estresse oxidativo noturno e reforçar os mecanismos reparadores durante o sono.

Entretanto, há uma crescente preocupação quanto à atividade sistêmica da melatonina transdérmica, principalmente em formulações usadas em grandes áreas da pele e por tempo prolongado. Estudos em humanos ainda são limitados, mas o potencial de interação com o eixo endócrino não pode ser ignorado【PubMed: Fischer et al., 2012; Slominski et al., 2008】.


Prodizia® ou Melatonina tópica: qual escolher?

Se o objetivo é restaurar a vitalidade da pele, combater sinais de fadiga, tratar hipercromias hormonais ou promover rejuvenescimento fisiológico, a estratégia de indução endógena com ativos como Prodizia® é mais inteligente e segura.

A melatonina tópica pode ter seu espaço em formulações pontuais, como séruns noturnos para pequenas áreas ou em protocolos associados a antioxidantes potentes. Mas quando se pensa em aplicações amplas ou tratamentos prolongados, o uso de precursores naturais, como o Prodizia®, ganha vantagem pela sua bioatividade intracelular e perfil de segurança superior.


Por que usar os dois juntos?

A estratégia mais inteligente é combinar a ação imediata da melatonina tópica com o estímulo sustentado da síntese endógena promovido por Prodizia®. Enquanto a melatonina nanoencapsulada atua rapidamente como antioxidante e regulador circadiano, Prodizia® potencializa sua presença intracelular e estende os efeitos a longo prazo, mantendo os níveis elevados mesmo após o término da aplicação.

É como se um entregasse a melatonina "pronta", e o outro ensinasse a pele a produzir a sua própria — sinergia perfeita entre performance e fisiologia.


Pós graduação em cosméticos

Sugestão de aplicação cosmética combinada:


Rotina noturna (beauty sleep):

  • Sérum com Melatonina (0,003 a 0,01%)

  • Creme noturno com Prodizia® (2 a 4%) como promotor de síntese endógena.


Rotina capilar:

  • Loção com Melatonina tópica + Prodizia® a 3%  para fortalecimento do ciclo anágeno.


Tratamentos anti-aging e anti-fadiga:

  • Máscaras ou boosters com ambos os ativos para regeneração mitocondrial e uniformização do tom.


Resultados clínicos comprovam: sinergia gera mais resultados

Um estudo clínico recente comparou dois grupos: um utilizando melatonina apenas de forma tópica, e outro seguindo a chamada estratégia "In & Out" — uma combinação de aplicação tópica com suplementação sistêmica. Os resultados foram contundentes:


  • Hidratação aumentou em ambos os grupos, com maior impacto no grupo combinado (+23,6% vs +18,3%);

  • Redução significativa na profundidade das rugas, com o grupo combinado apresentando quase o dobro da melhora (-18,5% vs -9,4%);

  • Ambos os grupos mostraram melhora na composição lipídica da pele, especialmente em triacilgliceróis e ceramidas — lipídios fundamentais para manter a barreira cutânea e a retenção hídrica.


Conclusão

Ao unir os dois — melatonina e Prodizia® — oferecemos à pele não apenas um estímulo imediato, mas a memória biológica para manter esse estímulo funcionando. Uma estratégia de reparo celular com base científica e performance visível.

Espero ter contribuido para todos entenderem a diferença entre esses dois ativos.


Abraços


Lucas Portilho


Colombo F, Alfano S, Milani M. Lipidomic and Instrumental Evaluation of a Melatonin-Based In & Out Strategy Versus Topical Treatment in Skin Aging: A Randomized Prospective Trial. Metabolites. 2025 Jan 9;15(1):33. doi: 10.3390/metabo15010033. PMID: 39852376; PMCID: PMC11767497.

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