IPL + Microagulhamento + formulação pós-biótica no melasma
- Lucas Portilho
- há 11 minutos
- 3 min de leitura
Por Lucas Portiho, Farmacêutico e Especialista em Cosmetologia.
Olá meus Amigos!
Quem acompanha a evolução científica do melasma já entendeu que estamos lidando com uma condição complexa, multifatorial e estrutural.
Reduzir o problema à simples presença de melanina é ignorar inflamação, dano da membrana basal, alteração vascular, disfunção de barreira e, mais recentemente, o papel do microbioma cutâneo.
Um estudo clínico publicado no Journal of Cosmetic Dermatology trouxe dados extremamente relevantes ao avaliar a associação entre luz intensa pulsada (IPL), microagulhamento e uma formulação pós-biótica à base de Lactobacillus fermentation lysate .
Mais do que mostrar resultados, o trabalho ajuda a entender por que protocolos combinados tendem a ser superiores no melasma.
Como o estudo foi desenhado (e por que isso importa)
Trata-se de um ensaio clínico randomizado, simples-cego, conduzido com 30 mulheres, entre 33 e 53 anos, todas com melasma misto e fototipos III e IV.
As participantes foram divididas em dois grupos:
🔹 Grupo 1 – IPL isolado
Tratamentos com IPL a cada 4 semanas
Duração total: 12 semanas
🔹 Grupo 2 – Terapia combinada
Alternância entre IPL e microagulhamento a cada 2 semanas
Após o microagulhamento, aplicação imediata de uma formulação pós-biótica
Duração total: 12 semanas
O microagulhamento foi realizado com agulhas de 0,5 mm, seguido da aplicação de uma loção contendo:
Lactobacillus fermentation lysate
niacinamida
ácido tranexâmico
agentes calmantes, hidratantes e reparadores
Ou seja: não estamos falando apenas de “microagulhamento com ativo”, mas de um racional completo de reparo e modulação inflamatória no pós-procedimento.

Como os resultados foram avaliados
Os pesquisadores utilizaram três pilares de avaliação:
mMASI (Modified Melasma Area and Severity Index)Avaliação clínica padronizada de área e intensidade da pigmentação.
Análise objetiva por VISIA (Avaliando fotos de antes e depois)
Satisfação das pacientes e efeitos adversos
O que os resultados mostraram, de forma objetiva
Ambos os grupos apresentaram melhora ao longo das 12 semanas. No entanto, o grupo da terapia combinada apresentou resultados significativamente superiores.
Os principais achados foram:
Redução mais intensa e mais rápida do mMASI
Melhora superior dos parâmetros de pigmentação avaliados pelo VISIA
Redução significativa de inflamação cutânea
Redução de marcadores de dano UV
Menor incidência de hiperpigmentação pós-inflamatória
Recuperação cutânea mais rápida
Mais de 73% das pacientes satisfeitas ou muito satisfeitas
Isso indica que o protocolo combinado não apenas clareou, mas atuou na base fisiopatológica do melasma.
E afinal, o que os cientistas concluíram?
Segundo os pesquisadores, essa estratégia:
facilita a degradação e o metabolismo da melanina,
promove renovação epidérmica,
estimula regeneração de colágeno,
reduz inflamação,
auxilia na restauração da barreira cutânea,
contribui para o equilíbrio do microbioma da pele,
e diminui a incidência de efeitos adversos quando comparada ao IPL isolado .
Os autores destacam ainda que o Lactobacillus fermentation lysate exerce papel relevante ao:
modular vias inflamatórias e antioxidantes,
auxiliar na reparação tecidual,
interferir positivamente nos mecanismos de melanogênese.
Em outras palavras: o pós-procedimento deixou de ser coadjuvante e passou a ser parte ativa do tratamento.
O que esse estudo ensina para quem formula e prescreve
Esse trabalho reforça algo que, na prática, já observamos há anos:
Melasma exige estratégia, não monoterapia.
Para o farmacêutico formulador e para o profissional da estética, fica claro que:
protocolos combinados entregam mais resultado e menos rebote;
ativos pós-bióticos fazem sentido quando bem indicados;
reparar a pele é tão importante quanto clarear;
controlar inflamação e barreira reduz risco de recidiva.
Não se trata de “moda do microbioma”.Trata-se de fisiologia aplicada ao tratamento do melasma.
Considerações finais
Gostei do estudo, embora ele tenha limitações — amostra pequena, apenas mulheres e curto período de acompanhamento —, mas aponta com clareza para o futuro do manejo do melasma.
Não é sobre escolher entre tecnologia ou cosmético.É sobre integrar tudo com racional científico.
Quem ainda trata melasma apenas como excesso de melanina está olhando para o problema pela metade.
Vale a leitura e está liberado na íntegra.
abraços
Lucas Portilho








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