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Foto do escritorLucas Portilho

Hiperpigmentação Axilar e das Virilhas

Atualizado: 9 de jan. de 2023


A hiperpigmentação axilar e das virilhas é um problema dermatológico frequente em mulheres latino-americanas. Uma das principais causas é a depilação feita com lâminas. Histopatologicamente, caracteriza-se por um aumento na atividade melanocítica e depósitos de melanina na epiderme e derme, bem como por infiltrado inflamatório composto principalmente por células mononucleares e macrófagos. Estes resultados suportam a teoria da hiperpigmentação axilar e das virilhas serem um tipo de hiperpigmentação pós-inflamatória, além da depilação, as causas podem estar relacionadas à irritação contínua devido a limpeza, as roupas apertadas ou ao uso de antitranspirantes.

Hiperpigmentação Pós-Inflamatória

É comum as mulheres e homens utilizarem lâminas para fazer a depilação, no entanto esse ato leva a microlesões imperceptíveis que levam a um processo inflamatório. As mulheres tem o habito de usar esse procedimento mais frequentemente em relação aos homens, portento a hiperpigmentação causada pela inflamação é mais comum no sexo feminino. A hiperpigmentação pós-inflamatória é uma das queixas dermatológicas mais comuns em pacientes com pele escura. Ela resulta de um aumento na produção de melanina ou de uma distribuição anormal do pigmento na epiderme e/ou derme após injúria externa. Vários mediadores inflamatórios, incluindo prostaglandinas, leucotrienos, tromboxanos e as espécies reativas de oxigênio, são conhecidos por induzir a ativação de melanócitos.

Como Ocorre a Hiperpigmentação Pós-Inflamatória

Figura1. Etapas de lesão tecidual, seguida de inflamação, formação de região hiperqueratinizada e produção anormal de melanina.

Para desencadear este processo, é necessária a ativação de alguns mediadores inflamatórios, que serão responsáveis pela indução da ativação dos melanócitos. Entre esses mediadores destacam-se as prostaglandinas, leucotrienos e troboxanos.

Prevenção e Tratamento

O tratamento da hiperpigmentação pós-inflamatória é difícil e prolongado. A prevenção e o tratamento da condição inflamatória é o primeiro passo, seguido por intervenções com o uso de despigmentantes.

Neste artigo pretendo sugerir um tratamento com comprovação científica de eficácia.

O estudo foi realizado em axilas, no entanto podemos considerar como efetivo para a região da virilha.

O objetivo de um estudo conduzido por Castanedo-Cazares et al. (2013) foi avaliar a eficácia de um creme de niacinamida a 4% e um creme de desonida a 0,05% em comparação com o placebo no tratamento da hiperpigmentação axilar. Vinte e quatro mulheres com idades entre 19 e 27 anos e axilas hiperpigmentadas (fototipos III-V) foram randomizadas para receber durante 9 semanas.

Ambas, niacinamida e desonida, induziram melhora significativa colorimétrica em comparação com o placebo, no entanto, a desonida mostrou um melhor efeito despigmentante versus niacinamida.

Legenda: (A) axilas de uma mulher de 22 anos de idade, antes e após uso de niacinamida. (B) axilas de uma mulher de 25 anos de idade, antes e após uso de desonida.

Conclusão

A niacinamida e a desonida mostraram propriedades despigmentantes em mulheres com hiperpigmentação axilar. Estes resultados podem ser explicados pelas propriedades antimelanogênicas e anti-inflamatórias dos ativos, respectivamente.

Por se tratar de um medicamento, a desonida só deve ser utilizada por prescritres habilitados a indicar esse ativo. No entanto a niacinamida é um ingrediente cosmético, portanto pode ser indicado por qualquer profissional da saúde e manipulado em Farmácias de Manipulação.

Além da niacinamida, minha sugestão é utilizar um creme como base, livre de fragrâncias e incluir na formulação glycerina 5%, óleo de girassol 5%, manteiga de Shorea 5%, rica em ácidos graxos da cadeia C20 e ácidos graxos insaponificáveis e que possui um sensorial bem seco, deixando uma sensação mais confortável pelo consumidor.

Espero ter contribuído para os colegas da Cosmetologia que desejam clarear e melhorar a condição da axila e virilha dos pacientes e consumidores.

Abraços

Referências

1. Castanedo-Cazares JP1, Lárraga-Piñones G, Ehnis-Pérez A, Fuentes-Ahumada C, Oros-Ovalle C, Smoller BR, Torres-Álvarez B. Topical niacinamide 4% and desonide 0.05% for treatment of axillary hyperpigmentation: a randomized, double-blind, placebo-controlled study. Clin Cosmet Investig Dermatol. 2013;6:29-36. doi: 10.2147/CCID.S39246. Epub 2013 Jan 14.

2. Castanedo-Cazares JP, Lárraga-Piñones G, Ehnis-Pérez A, Fuentes-Ahumada C, Oros-Ovalle C, Smoller BR, Torres-Álvarez B. Topical niacinamide 4% and desonide 0.05% for treatment of axillary hyperpigmentation: a randomized, double-blind, placebo-controlled study. Clin Cosmet Investig Dermatol. 2013;6:29-36. doi: 10.2147/CCID.S39246. Epub 2013 Jan 14. 3. Alexis AF, Sergay AB, Taylor SC. Common dermatologic disorders in skin of color: a comparative practice survey. Cutis. 2007;80: 387–394.

4. Lamel SA, Rahvar M, Maibach HI. Postinflammatory hyperpigmentation secondary to external insult: an overview of the quantitative analysis of pigmentation. Cutan Ocul Toxicol. 2012;32:67–71.

5. Castanedo-Cazares JP, Lárraga-Piñones G, Ehnis-Pérez A, Fuentes-Ahumada C, Oros-Ovalle C, Smoller BR, Torres-Álvarez B. Topical niacinamide 4% and desonide 0.05% for treatment of axillary hyperpigmentation: a randomized, double-blind, placebo-controlled study. Clin Cosmet Investig Dermatol. 2013;6:29-36. doi: 10.2147/CCID.S39246. Epub 2013 Jan 14.


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