A hiperpigmentação axilar e das virilhas é um problema dermatológico frequente em mulheres latino-americanas. Uma das principais causas é a depilação feita com lâminas. Histopatologicamente, caracteriza-se por um aumento na atividade melanocítica e depósitos de melanina na epiderme e derme, bem como por infiltrado inflamatório composto principalmente por células mononucleares e macrófagos. Estes resultados suportam a teoria da hiperpigmentação axilar e das virilhas serem um tipo de hiperpigmentação pós-inflamatória, além da depilação, as causas podem estar relacionadas à irritação contínua devido a limpeza, as roupas apertadas ou ao uso de antitranspirantes.
Hiperpigmentação Pós-Inflamatória
É comum as mulheres e homens utilizarem lâminas para fazer a depilação, no entanto esse ato leva a microlesões imperceptíveis que levam a um processo inflamatório. As mulheres tem o habito de usar esse procedimento mais frequentemente em relação aos homens, portento a hiperpigmentação causada pela inflamação é mais comum no sexo feminino. A hiperpigmentação pós-inflamatória é uma das queixas dermatológicas mais comuns em pacientes com pele escura. Ela resulta de um aumento na produção de melanina ou de uma distribuição anormal do pigmento na epiderme e/ou derme após injúria externa. Vários mediadores inflamatórios, incluindo prostaglandinas, leucotrienos, tromboxanos e as espécies reativas de oxigênio, são conhecidos por induzir a ativação de melanócitos.
Como Ocorre a Hiperpigmentação Pós-Inflamatória
Figura1. Etapas de lesão tecidual, seguida de inflamação, formação de região hiperqueratinizada e produção anormal de melanina.
Para desencadear este processo, é necessária a ativação de alguns mediadores inflamatórios, que serão responsáveis pela indução da ativação dos melanócitos. Entre esses mediadores destacam-se as prostaglandinas, leucotrienos e troboxanos.
Prevenção e Tratamento
O tratamento da hiperpigmentação pós-inflamatória é difícil e prolongado. A prevenção e o tratamento da condição inflamatória é o primeiro passo, seguido por intervenções com o uso de despigmentantes.
Neste artigo pretendo sugerir um tratamento com comprovação científica de eficácia.
O estudo foi realizado em axilas, no entanto podemos considerar como efetivo para a região da virilha.
O objetivo de um estudo conduzido por Castanedo-Cazares et al. (2013) foi avaliar a eficácia de um creme de niacinamida a 4% e um creme de desonida a 0,05% em comparação com o placebo no tratamento da hiperpigmentação axilar. Vinte e quatro mulheres com idades entre 19 e 27 anos e axilas hiperpigmentadas (fototipos III-V) foram randomizadas para receber durante 9 semanas.
Ambas, niacinamida e desonida, induziram melhora significativa colorimétrica em comparação com o placebo, no entanto, a desonida mostrou um melhor efeito despigmentante versus niacinamida.
Legenda: (A) axilas de uma mulher de 22 anos de idade, antes e após uso de niacinamida. (B) axilas de uma mulher de 25 anos de idade, antes e após uso de desonida.
Conclusão
A niacinamida e a desonida mostraram propriedades despigmentantes em mulheres com hiperpigmentação axilar. Estes resultados podem ser explicados pelas propriedades antimelanogênicas e anti-inflamatórias dos ativos, respectivamente.
Por se tratar de um medicamento, a desonida só deve ser utilizada por prescritres habilitados a indicar esse ativo. No entanto a niacinamida é um ingrediente cosmético, portanto pode ser indicado por qualquer profissional da saúde e manipulado em Farmácias de Manipulação.
Além da niacinamida, minha sugestão é utilizar um creme como base, livre de fragrâncias e incluir na formulação glycerina 5%, óleo de girassol 5%, manteiga de Shorea 5%, rica em ácidos graxos da cadeia C20 e ácidos graxos insaponificáveis e que possui um sensorial bem seco, deixando uma sensação mais confortável pelo consumidor.
Espero ter contribuído para os colegas da Cosmetologia que desejam clarear e melhorar a condição da axila e virilha dos pacientes e consumidores.
Abraços
Referências
1. Castanedo-Cazares JP1, Lárraga-Piñones G, Ehnis-Pérez A, Fuentes-Ahumada C, Oros-Ovalle C, Smoller BR, Torres-Álvarez B. Topical niacinamide 4% and desonide 0.05% for treatment of axillary hyperpigmentation: a randomized, double-blind, placebo-controlled study. Clin Cosmet Investig Dermatol. 2013;6:29-36. doi: 10.2147/CCID.S39246. Epub 2013 Jan 14.
2. Castanedo-Cazares JP, Lárraga-Piñones G, Ehnis-Pérez A, Fuentes-Ahumada C, Oros-Ovalle C, Smoller BR, Torres-Álvarez B. Topical niacinamide 4% and desonide 0.05% for treatment of axillary hyperpigmentation: a randomized, double-blind, placebo-controlled study. Clin Cosmet Investig Dermatol. 2013;6:29-36. doi: 10.2147/CCID.S39246. Epub 2013 Jan 14. 3. Alexis AF, Sergay AB, Taylor SC. Common dermatologic disorders in skin of color: a comparative practice survey. Cutis. 2007;80: 387–394.
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5. Castanedo-Cazares JP, Lárraga-Piñones G, Ehnis-Pérez A, Fuentes-Ahumada C, Oros-Ovalle C, Smoller BR, Torres-Álvarez B. Topical niacinamide 4% and desonide 0.05% for treatment of axillary hyperpigmentation: a randomized, double-blind, placebo-controlled study. Clin Cosmet Investig Dermatol. 2013;6:29-36. doi: 10.2147/CCID.S39246. Epub 2013 Jan 14.