Todos nós já ouvimos falar sobre os famosos “metais pesados”, mas afinal de contas, o que eles causam na nossa pele?
A nossa pele é a primeira barreira de defesa e também o primeiro órgão que entra em contato com essas substâncias.
O cádmio e níquel, por exemplo, levam ao estresse oxidativo, lesão de DNA e alteração em proteínas da pele. O níquel, especialmente, leva a um aumento das colagenases, resultando em maior quebra das proteínas da matriz extracelular e consequente perda da elasticidade. Pode causar alergias e redução da proliferação de queratinócitos.
O que acontece com a pele exposta a metais pesados?
Pesquisadores franceses usaram um modelo ex vivo para avaliar o efeito de uma combinação de metais pesados (níquel, chumbo, mercúrio e cádmio).
Foram encontradas diferenças significativas na morfologia da pele exposta aos metais pesados:
· Espongiose (edema intercelular)
· Cariopinose: condensação irreversível da cromatina no núcleo de uma célula em necrose ou apoptose
· Desprendimento de células da epiderme
· Redução da densidade de colágeno
O aumento do estresse oxidativo foi uma das principais causas do desencadeamento dos fenômenos descritos acima.
Por que metais pesados danificam a barreira cutânea?
O principal motivo descoberto pelos pesquisadores foi a dramática redução de desmogleina e loricrina, duas proteínas importantes que garante a adesão entre os queratinócitos e controlam o processo de descamação. Uma vez que os metais pesados desregulam essas proteínas, a pele, pra ser mais específico a epiderme, perde a capacidade de manter o turn over celular de forma sadia.
Metais pesados desarmam as defesas naturais das nossas células da pele
Contra o estresse oxidativo, nossas células tem um sistema de formação de antioxidantes endógenos, como glutationa peroxidase, catalase, superóxido dismutase e metalotioneína. Na presença de metais pesados, esperaríamos um aumento desse sistema de defesa para combater dano oxidativo, mas o que os pesquisadores mostraram foi uma redução da capacidade de formação do nosso sistema redox de defesa.
Observem nas figuras abaixo a diferença na pele controle e na pele exposta aos metais pesados. É notável a diferença morfológica na junção dermo-epidermal, percebam como ela está mais lisa na figura B.
Até onde os metais penetram na nossa pele
· Níquel: penetra e acumula na derme.
· Mercúrio: acumula na epiderme. Não chega até a derme.
· Cádmio: acumula na epiderme. Não chega até a derme.
· Chumbo: encontrado tanto na epiderme quanto na derme.
Como evitar o contato desses metais com a pele?
Existem duas estratégias que podem ser usadas nos produtos dermocosméticos que reduzem o impacto de poluentes com a pele.
São três estratégias que recomendo:
1. Criar um filme protetor, uma barreira física que impede o contato dos poluentes com a pele. Gosto do Filmexel, Skin blitz ou Belsil REG 1102.
2. Mesmo com a proteção do filme físico, parte desses metais podem chegar até a pele e neste caso, recomendo ingredientes com potencial antioxidante para combater as espécies reativas de oxigênio formadas. Aqui temos várias opções, desde vitamina C, Vitamina E, ácido ferulico e extratos vegetais.
3. Aumentar nossas defesas e formação de sistema antioxidante endógeno. Gosto do resveratrol e hidroxitirosol.
Portanto, esse inimigo invisível da pele pode causar um grande estrago e com a cosmetologia podemos reduzir o impacto causado por metais pesados.
Abraços
Lucas Portilho
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