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Hidroquinona ou nova combinação cosmética? O que diz o estudo publicado no Journal of Cosmetic Dermatology em 2025

Por Lucas Portilho – Farmacêutico especialista em cosmetologia e tratamentos para melasma


Tratar melasma de forma segura, eficaz e com boa adesão ainda é um desafio constante na prática clínica e nas prescrições manipuladas. Por muitos anos, a hidroquinona a 4% (HQ4%) foi considerada o padrão ouro entre os despigmentantes tópicos.


Um estudo recente, publicado em março de 2025 no Journal of Cosmetic Dermatology, avaliou um sérum cosmético contendo niacinamida 5%, ácido tranexâmico 1%, vitamina C estabilizada (0,2%) e outros ácidos  versus a tradicional HQ4%.


Como foi feito o estudo?

Foram avaliadas 60 mulheres, entre 20 e 50 anos, com melasma facial e as participantes foram divididas em dois grupos:

  • Grupo 1: usou o Serum B3 (a fórmula com niacinamida, TXA, vitamina C e alfahidroxiácidos) durante 5 meses.

  • Grupo 2: usou HQ4% por 3 meses, seguida do Serum B3 por mais 2 meses.



Principais resultados

Os dois grupos mostraram reduções significativas da pigmentação após 3 meses de tratamento. Porém, o grupo que utilizou hidroquinona apresentou maior incidência de eritema. Em contrapartida, o grupo que usou apenas o Serum B3 teve melhor performance em termos de hidratação e função barreira da pele.

Outro ponto interessante: a densidade de melanina reduziu de forma semelhante nos dois grupos, mesmo com a ausência de HQ no grupo 1.

Além disso, a melhora na qualidade de vida foi significativa em ambos os grupos, mas a tolerância cutânea e a aceitação cosmética foram superiores com o uso contínuo do sérum dermocosmético.


O que isso significa para o prescritor?

Esse estudo reforça o que já observamos na prática clínica: associar ativos sinérgicos como niacinamida, TXA, vitamina C e hidroxiácidos pode ser uma excelente alternativa à hidroquinona, especialmente em pacientes com pele sensível ou de uso prolongado.

O fato de o produto testado ser classificado como um dermocosmético (sem exigência de prescrição médica) abre ainda mais possibilidades para sua aplicação em protocolos personalizados, inclusive na farmácia magistral, com formulações manipuladas.


Considerações para o desenvolvimento de formulações

  • A niacinamida 5% atua como anti-inflamatório e inibidor da transferência da melanina.

  • O ácido tranexâmico 1% interfere na via do plasminogênio, reduzindo a ativação de melanócitos.

  • A vitamina C estabilizada a 0,2% protege contra oxidação e interfere na síntese de melanina.

  • Os alfahidroxiácidos promovem renovação celular, aumentando a penetração e reduzindo a retenção de pigmento epidérmico.

A combinação dos ativos sugere uma ação multifatorial: clareadora, anti-inflamatória, antioxidante e regeneradora da função barreira.


Conclusão

O uso contínuo de um sérum dermocosmético bem formulado, com múltiplos ativos clareadores, pode oferecer eficácia comparável à hidroquinona, com menor risco de efeitos colaterais e maior aceitação pelos pacientes. Essa é uma excelente notícia para quem busca resultados consistentes no clareamento do melasma, respeitando os limites da pele e o conforto do tratamento a longo prazo.


Para quem trabalha com prescrição individualizada, como nós farmacêuticos e profissionais da cosmetologia, essa abordagem representa um novo paradigma: tratar o melasma com ciência, sensibilidade e segurança.


abraços!

Lucas Portilho

Referência:

Rocio J, Pittet JC, Sachdev M, et al. Evaluation of the Efficacy of a Serum Containing Niacinamide, Tranexamic Acid, Vitamin C, and Hydroxy Acid Compared to 4% Hydroquinone in the Management of Melasma. J Cosmet Dermatol. 2025;24(3):e70097. doi:10.1111/jocd.70097

 
 
 

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