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Creme de Ácido Hialurônico prevenção da dermatite por radiação em pacientes com câncer de mama : o estudo é promissor, mas a fórmula levanta questionamentos

Por Lucas Portilho, Farmacêutico e Mestre em Ciências Médicas pela Unicamp


Meus Amigos!! Se preparem pra um tema polêmico... Um estudo publicado no periódico The Breast (Elsevier, 2025) investigou o uso profilático de um creme contendo ácido hialurônico 0,2% — o Ialuset® — na prevenção da radiodermatite em pacientes com câncer de mama submetidas à radioterapia. Os resultados mostraram uma tendência de benefício clínico: menor incidência de toxicidade cutânea de grau 2 no grupo que utilizou o creme com HA (21,1%) em comparação ao grupo controle (35,3%). Embora a diferença não tenha atingido significância estatística, o estudo sugere que o uso do ácido hialurônico pode oferecer vantagens em termos de conforto, adesão e prevenção precoce da inflamação cutânea.


No entanto, é essencial observar um ponto que raramente é discutido nos artigos científicos: a composição completa do produto testado. O creme Ialuset, apesar de conter o ácido hialurônico como ativo principal, também apresenta ingredientes bastante controversos — principalmente em formulações dermatológicas de uso prolongado.


Entre os ingredientes listados estão:

  • Metilparabeno e Propilparabeno: conservantes amplamente utilizados, mas que vêm sendo substituídos por alternativas mais seguras em formulações dermatológicas e cosméticas, devido à associação com potenciais efeitos estrogênicos e sendo considerado um disruptor endócrino.

  • Lauril Sulfato de Sódio: tensoativo aniônico conhecido por sua ação detergente agressiva. Embora eficaz na limpeza, pode comprometer a barreira cutânea, causar irritação e aumentar a permeabilidade da pele — exatamente o oposto do desejado em peles sensibilizadas por radioterapia.

Imagina o paciente fazendo um tratamento pra câncer e descobrir que está usando um produto com ingredientes polêmicos...melhor evitar esse estresse.

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Essa composição levanta um ponto importante para profissionais que atuam na manipulação magistral: a possibilidade de formular versões personalizadas do creme com ácido hialurônico 0,2% — porém livres de parabeno, lauril sulfato de sódio e demais excipientes questionáveis. Assim, é possível manter os benefícios observados no estudo, mas com uma base mais segura, estável e compatível com peles sensibilizadas ou sensibilizáveis.


Conclusão prática para quem atua com formulações: O estudo reforça o papel do ácido hialurônico na integridade da pele sob estresse, mas também evidencia que o veículo faz toda a diferença. Em formulações manipuladas, podemos escolher bases fisiológicas, livres de surfactantes agressivos, e ainda associar outros ativos anti-inflamatórios e regeneradores como:

Pode manter o hialuronato de sódio, mas pensem também em:

  • Madecassoside 0,2%

  • Alfa-Bisabolol 0,5%

  • Physavie®, Ectoína, ou Niacinamida


Resumo final: O estudo é promissor, mas a composição total testada está longe de ser ideal. Profissionais que atuam na manipulação magistral têm a vantagem de formular produtos mais seguros, eficazes e personalizados.


Abraços!

Lucas Portilho


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