O claim “Paraben-free” não poderá mais ser utilizado na Europa. Especialistas se reuniram a alguns anos atrás para criar um guia sobre apelos de marketing para a indústria cosmética europeia e as regras começaram a valer a partir de 1 de julho de 2019. Atualmente é fácil encontrarmos inúmeros claims, que são apelos de marketing em cosméticos, principalmente os famosos “Free-from”, ou seja, alegações que afirmam que o produto não contém determinado ingrediente. Mas desde quando destacar algo que um produto não tem é vantajoso? Me lembro quando a indústria de alimento iniciou essa prática com produtos “fat-free”, “sugar-free” e tantos outros. Na indústria cosmética não é diferente. Fiz um compilado de vários “free-from” utilizados cosméticos, veja abaixo:
Quadro1. Lista de claims encontrados em produtos cosméticos
De acordo com as normas europeias, existem 6 critérios que devem ser considerados para alegações em produtos cosméticos.
1. Conformidade legal
Não se deve usar o claim “Este produto atende as normas vigentes”, pois se o produto está sendo comercializado ele obviamente deve atender as normas vigentes. “Não contém hidroquinona” não deve ser utilizado, pois hidroquinona é proibido em cosméticos, portanto de nenhuma forma esse ingrediente poderia ser utilizado. “Livre de corticoides” não deveria ser usado, pois são substâncias proibidas em cosméticos.
2. Veracidade
“Contém mel” não deve ser usado se apenas a fragrância de mel está sendo utilizada. O claim “Free from” não deve ser utilizado se na composição houver qualquer forma do ingrediente citado. As alegações relativas a um ingrediente e que façam referência às suas propriedades não devem implicar que o produto acabado tem as mesmas propriedades se não for este o caso.
3. Sustentação de prova
Claims obtidos em estudos in vitro ou in silico não deve atestar o efeito in vivo. Evitar claims exagerados, como “esse perfume te dá asas pra voar”. Uma alegação que extrapole (de forma explícita ou implícita) as propriedades de um determinado ingrediente do produto acabado devem ser sustentadas por evidência adequada e verificável, por exemplo, através da demonstração da presença do ingrediente com uma concentração efetiva.
4. Honestidade
Se o benefício de um shampoo é atrelado ao uso do condicionador e máscara capilar, isso deve ser destacado. Normalmente essa informação fica minúscula nas rotulagens. Perfumes com alta concentração de álcool (alguns com 70%) não precisam de conservante, portanto, seria desonesto usar. Claim “sem conservante”, pois não haveria necessidade de conservante de qualquer forma. Imagens de antes e depois manipuladas não podem ser usadas. “Livre de conservante” não deve ser usada se qualquer ingrediente da formulação tiver ação contra microorganismos. “Livre de parabenos” não deve ser usada pois prejudica um grupo inteiro de ingredientes.
5. Imparcialidade
As alegações relativas a produtos cosméticos devem ser objetivas e não devem depreciar os concorrentes, nem depreciar os ingredientes utilizados de forma legal. “Bem tolerado, pois não contém óleo mineral” não deve ser usado, pois outros produtos com o mesmo ingrediente são bem tolerados comprovadamente. “Não causa alergia, pois é isento de conservantes” não deve ser usado, pois remete a ideia de que todo conservante é alergênico.
6. Tomada de decisão informada
As alegações devem ser claras e compreensíveis para o utilizador final comum. Se o produto é para uso profissional ou consumidor comum, os dizeres devem usar linguagem adequada, mais técnica ou não. Essa mudança nos faz pensar nos cosméticos aqui no Brasil, onde os claims “free from” são utilizados em muitos produtos.
Será que não está na hora de explorarmos os ingredientes que o produto tem ao invés daqueles que ele não tem? Sei que é um tema polêmico e meu intuito é apenas informar aos colegas para que fiquem atentos as mudanças. Espero ter colaborado para o Conhecimento de todos. Abraços!
Lucas Portilho